domingo, 6 de setembro de 2015

Discurso Dos Ventos * Antonio Cabral Filho - RJ



Discurso Dos Ventos

Cruzo as ruas
E seus hermeneutas
Desfilando discursos
Enfileirados

Seguindo a ordem unida
Das disciplinas disformes –
Ovos de serpentes extintas

Noto cobranças herméticas
Em prosas prolixas estéreis
Nos raios cortantes das pedras

Um vento frio repõe a poeira
Erguida pelos coturnos
De antigas marchas cinéticas

Tudo se move
Por entre os cubos de gelo
Da velha taça sempre inerte

E quando eu puder
Também farei discursos herméticos
Para os ouvidos moucos
Mas por ora

Ouçam o que dizem os ventos 

***

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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.