REVOLIXÃO CURTURAR
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Revolixão curturar
todo mundo faz a sua,
é como aquela palavrinha
que a professora pediu ao Juquinha
com apenas duas letrinhas: cu
e quando fiz a minha
não registrei patente
nem direito autoral,
e, sequer almejo royaltes;
não joguei no lixo nada,
nada quebrei nem rasguei,
sequer poemas enfadonhos,
nada queimei na fogueira
das minhas veleidades,
cheias de valores bem pueris;
nenhum livro de Marx,
Lênin, Gorki, Brecht
ou Maiakovski,
nenhum disco dos Beatles
ou de Elvis Presley
e nem deixei de ouvir As Valquírias
com todo o virtuosismo de Beethoven ,
nenhum quadro de Van Gogh
foi parar no porão
nem rasguei os pôsteres
de Brigite Bardeaux,
Mao Tsetung, Tchê Guevara,
Jimmy Hendrix, Janis Joplin,;
não fui fazer análise,
só para ser reicheano,
não abdiquei da carne vermelha,
parceira ideológica
de tantos recrutamentos,
e minha coleção de revistas eróticas
não parou de crescer,
desde o Carlos Zéfiro;
sequer dividi os amigos
entre direita e esquerda
nem promovi limpeza etnica
em gueto nenhum
do meu peito apaixonado,
como nunca deixei
a mulher amada
ver navios em cais deserto
só para sentir-me
o homem do futuro...
Também não troquei
a velha calça jeans
do dia anterior
pela farda verde-oliva
do algures dia-seguinte:
É que a minha
revolução cultural
foi de molécula em molécula,
progrediu sem traumas
e tornou-se, tranquilamente,
revolução permanente.
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