sábado, 20 de julho de 2013

CANÇÃO PARA RAINER MARIA RILKE * ANTONIO CABRAL FILHO

CANÇÃO PARA RAINER MARIA RILKE

Não sofro da maldição
que atinge tantos poetas
que choram pelos cantos
por suas próprias tragédias;

Também não sou como tantos
que fazem de suas dores
simplesmente fingimentos
e levam vidas dramáticas
fingindo ser fingidores
das dores que deveras sentem
e vivem vidas ausentes
na história de seus tempos.

Não chego a ser como tu,
vate talhado a mármore,
de verve inigualável no traço,
sem lágrima para verter inútil,
bardo transmudado em verbo
sobre a equanimidade do tempo...

Mas minha palavra-esgrima
esgrime as dores da hora presente
sem tentar saber se dói
o ardor que o poeta sente
de elevar mais alto o valor
da missão que faz do poeta
coveiro das maldições vigentes.