sexta-feira, 2 de agosto de 2013

FOLCLORE DA CACHAÇA EM TROVAS * ANTONIO CABRAL FILHO

(Imagem:Internet)

Antes do primeiro gole,
disfarsa e vai lá no canto,
pois eu lhe digo, não é mole
ficar devendo pro santo.
&
Evite o primeiro gole,
avisa quem é amigo;
antes que a pinga lhe esfole,
ouça bem o que lhe digo.
&
Eu não sei qual é a graça
na propagação do mal,
mas a fama da cachaça
não prega nada normal.
&
Evite o primeiro gole,
diz o dito popular;
quem quer que o santo lhe esfole,
deixa o pedinte secar.
&
Há quem diga ser normal
e nisso até ache graça,
não quer ver nada de mal
no folclore da cachaça.
&
Quem não vê nada de mal
no consumo de dopante,
deve achar até normal
liquidar seu semelhante.
&
Evite o primeiro gole,
é como diz o ditado;
mas há quem pense que é mole
matar o pedinte ao lado.
&
Evite o primeiro gole,
pois ele não lhe pertence;
pare logo de dar mole
senão a pinga lhe vence.
&
Sei que pra curar cachaça,
muitos visitam o médico,
mas há quem procure o médium
e fique cheio de graça.
&
Cachaça, mocinha branca,
minha puta rapariga,
você jamais me desbanca,
vá direto pra barriga.
&
Branquinha, minha branquinha,
vou lhe dizer minha loa,
você é minha rainha,
mas eu não lhe bebo à toa.
&
Cachaça não tem morada,
nem procura paradeiro,
pois se vê realizada
no bucho do cachaceiro.
&
O tempo solapa, aos poucos,
aquele orgulho soberbo,
tocaiando atrás dos tocos
pra surrar-me quando bebo.
&

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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.