Torrão de Minas
Antonio Cabral Filho - Rj
O burrinho marcha
sob o cavaleiro
-marcha ou trota
não importa-
cobertos pelo sol inclemente
e a poeira vermelha
que os acompanha.
Por plateia
o sertão silente
seco qual a nossa sorte.
Súbito:
-oooô!
E o burrinho estaca!
O cavaleiro apeia
e abre a barriguilha
em direção a nada:
ali deixa a última chuva
dos últimos doze meses.
Mas o burrinho vê
um torrão de terra vermelha
e o recolhe com os beiços:
sua última refeição
das últimas doze horas.
*
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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.