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ÓCIOS DO OFÍCIO
Vida de poeta
não é fácil;
construir o poema,
verso a verso
com ou sem jarda,
é como navegar
no mar de Ulisses,
cuja maré
sempre nos apronta
novas surpresas
e o ineficaz instrumento do vate
no labor perene com a peça
nunca concede a imagem explícita
na busca do metro exato
e nos larga no ponto final
sem duvidar da palavra,
prontos a fechar o poema
como quem fecha para balanço
(por motivos de força maior
reabrirei segunda - feira)
ou como quem esmurra
o ubre da vaca
para que ela solte o leite
e guiar a pena linha a fora
sem deixar que o poema
encalhe nas figuras de retórica,
como se a palavra fosse rosa
e desabrochasse em flor
sem as carícias do sol.
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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.