domingo, 9 de março de 2014

GRAVATA DE QUINTANA # ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

-paigoogle-

GRAVATA DE QUINTANA

Quintana empaca meu verso
mas eu puxo-lhe a gravata
e ele ri seu risinho besta
cheio de desdém
pelas coisas deste mundo,
mas sem largar
a desgraça do cigarro.

Intimo-o a não rir de mim
mas sem dar-me nenhuma atenção
mantem-se concentrado em seu vinho
sem descuidar com o olhar
atento para surpresas
que eu possa aprontar-lhe
até que desata a rir mais ainda
e desfaz-se o nosso entrevero
como se defraudasse 
a bandeira colorida
dos seus sonhos infantis.

Mas novamente puxo-lhe a gravata
e não mais encontro Quintana,
só o vaquo da mesa vazia,
o salão da adega em silêncio
e o jornal à minha frente
com a notícia repentina...

Quintana decola
do aeroporto moinho de ventos
rumo ao seu mundo de estrelas
onde pretende esquecer de tudo
e passar o resto da eternidade
puxando perna de grilo
e beijando Brunas Lombardis.
***

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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.