quinta-feira, 30 de maio de 2013

CRÔNICAS DO LIRISMO IMEDIATO * 1- A POESIA VICEJA * ANTONIO CABRAL FILHO

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1 - A POESIA VICEJA

Nas atribuições diárias da maioria dos viventes não sobra espaço para a poesia, não há sequer um segundo para o indivíduo elocubrar e evadir da camisa-de-força dos compromissos impostos pelo modo de vida judaico-cristão-ocidental-capitalista. 
Aí vem-me à cabeça o paranóico atirador da "columbine-global" Arnaldo Jabour... É que eu estava no ponto de ônibus junto àquela massa aflita para pegar a condução matutina enquanto observava as manchetes dos jornais na banca do cruzamento da Estrada Santa Maura com a Bandeirantes e uma folha de jornal aberta bem aos pés de uma árvore sombreira chamou a minha atenção com a palavra POESIA no cabeçário. Então, cheguei mais perto para examinar o que era. A chamada "A cada dia, uma nova poesia" deixou-me estupefato, e mais ainda ao ler o preâmbulo " No início, o blog teria apenas versos. Mas, aos poucos, o jornalista Lucas Gutierrez abriu espaço para outras formas de arte." Conferindo melhor, vi que se tratava de uma " pubricação grobal", que vez por outra, certamente "mete-o-pé-na-jaca" e apresenta alguma coisa de bom; encontrei o blog... lucasguti.blogspot.com.br e estou sugerindo apreciar...
Mas concluí que nem tudo está perdido e a poesia viceja.
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terça-feira, 14 de maio de 2013

JAVAÉ * ANTONIO CABRAL FILHO

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Minha história começa pelo nome: Antonio.
Por ser filho de ambiente natural, onde os nomes são transparentes e todos sabem seus significados, a palavra Antonio me causava estranheza, por não saber o seu significado.
Passei a infância brincando com Coaraci, Jaci, Peri, cunhatans e curumins da minha taba, nomes tirados por meu povo da sua relação com a natureza onde vivia.
Mas a minha gente aceitava que um estranho chegasse e se juntasse a nós, se casasse com uma cunhan da tribo e até que chegasse ao posto de Ubirajara. Isso levou ao surgimento de nomes como o meu, Antonio; além de outros como Maria, Ana, Francisco, Tereza etc, todos ligados a uma religião baseada numa cruz e num homem branco que chamam de Jesus Cristo, e, aos domingos, íamos à igreja deles.
Meu pai era um homem branco. Ele raptara minha mãe e a levara para um cafezal, onde eu nasci. Depois, viemos morar com a família dela na aldeia. 
Até hoje eu não sei o que nos fez viajar no meio da noite, cruzando rios a nado, florestas e montanhas no maior silêncio que eu já vi, sem cortar arbustos nem cipós para abrir caminho ou fazer pousada sequer à noite. Sei somente que minha mãe seguia na frente, comigo escanchado ora nas costelas ora nas costas e, quando ela parava com o dedo indicador sobre os lábios, era sinal de que havia perigo. Por diversas vezes passamos ervas no corpo, para não atrais a sanha dos animais com o cheiro do sangue humano.
Mas com o tempo eu fui percebendo algumas curiosidades sobre a palavra Antonio: Nome de um santo que promove o casamento, uma espécie de deus dos casais. Descobri depois que o seu dia é treze de junho, época de festa junina, quando se faz quadrilha com todos fantasiados de agricultor para comemorar as colheitas. Dessa época, eu preferia as batatas assadas na fogueira, o milho cozido, os doces, as broas etc. Pude notar que se tratava de santo festeiro, partidário da fartura e certa liberdade de gula.
De surpresa em surpresa, caí sobre um dicionário de nomes próprios, onde encontrei a surpreendente explicação sobre Antonio: Aquele que não se vende, incorruptível, puro de espírito, que protege os pobres e as crianças.
Depois de refletir sobre tudo que levantei a respeito do meu nome, calei-me mais ainda sobre minhas desconfianças e rejeição a esses nomes ligados a esse tal de Jesus e jamais revelei por que sempre me apresentei pelo apelido de Javaé.
Certa vez meu pai deu-me a tarefa de capinar o matagal ao redor da nossa oca, casa segundo ele, e ao terminar e amontoá-lo para queimar depois de seco, foi-me entregue uma nota de dinheiro, para eu comprar balas no domingo, após a missa dos cristãos. Então, lembrei-me do meu nome, Antonio, incorruptível, que não se vende, lá do dicionário, e perguntei ao meu pai se ele estava me comprando, me corrompendo, por eu ter realizado uma coisa boa para todos nós, , como a segurança de não haver nenhuma boiúna tocaiando nossos pintinhos, minha mãe deixou claro que não gostou por ter lhe tirado o único local aonde pôr a roupa para quarar e minhas amigas de brincadeiras chiaram por ficarmos sem a relva onde estender as esteiras para tomarmos sol deitados.
Vendo meu embaraço, ante as três insatisfeitas, meu pai chamou-me e disse ao pé do ouvido:
- Compra tudo de bala e dá duas para cada uma que elas esquecem logo-logo!
- Como o senhor é corrupto! Exclamei, mas não tive outra saída.
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Crédito:https://www.google.com.br/search?q=javae&newwindow=1&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=t0OSUZT0NYeH0QGD9YHADA&sqi=2&ved=0CD4Q

terça-feira, 7 de maio de 2013

DO PROFUNDO AMOR DE MÃE * Antonio Cabral Filho - Rj

Minha Mãe, 84 Anos de Ternura.

É Ana José da Silva,
Saraiva de nascimento,
que seu amor sempre viva
gravado no firmamento.
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O maior amor do mundo,
mãe, amor incomparável,
dona do amor mais profundo,
fazei-me filho louvável.
*
Mãe é ser inquestionável,
feito apenas para amar;
quem for um filho louvável
jamais lhe fará penar.
*
São apenas três letrinhas,
mãe e céu, que tudo encerram;
mas a mim nem céu convinha
sem ter mãe aqui na terra.
*
Mãe, sinônimo de amor,
graça de Deus a seus filhos,
seja lá quando eu me for,
quero que apague os meus brilhos.
*
Queridíssima trovinha,
dê-me voz nos versos teus
pr'eu dizer "Santa Maezinha",
és meu presente de Deus.
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