Nasci ao sopé das montanhas,
Lá onde terminam os bosques
E as florestas se adensam.
Bem cedo aprendi a brincar
Com os habitantes desse mundo
Onde reinam Sacis e Iaras.
Ainda menino fui pras cidades
Sem seio de mãe nem ombro de pai,
Órfão de noite e de dia.
Segui sempre o senfim dos caminhos
E a poeira das estradas
Tingiu de vermelho os meus sonhos.
E o ronco do motor dos caminhões
É que ninou a soneca do menino
À sombra dos arbustos solidários.
Meu prato requentado e rápido
Eu soube sempre o seu sabor de sal
Temperado de relento e sol.
Na cidade sou um peixe fora d’agua
E vez por outra ponho-me frente aos
bares
Perscrutando por que essa gente bebe
tanto.
O meu amor não sabe o pranto
Tão fartas comigo foram as mulheres
francas
Em darem-se inteiras e detalhes tantos.
Não prometo ser algum dia um gentleman,
Mas eu não mijo calçada a fora
Após uns chopes com steinhägen.
*
Do Pobre Arlequim, integra a ANTOLOGIA POÉTICA Vol2 - UFF/Eduff 1996.
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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.