Negro é raiz da liberdade
mais forte que qualquer outra
e faz nosso povo se unir
hoje muito mais que outrora.
Porém, os chacais que o rondam
ainda encontram lacaios
contra o nosso porvir,
pois quem nasceu para Judas
não se cansa de trair.
Ilu-Ayê tem o sorriso negro
pra fortalecer meus irmãos
e regar a flor da resistência
desde a grimpa dos morros
até à vereda mais úmida
em prontidão na tocaia
para emboscar batistradas
e avisar aos capatazes
que quem brinca com corda
acaba dependurado.
Ilu-Ayê tem o abraço negro
pra fortificar os quilombos
e multidões de zumbis
com suas bandeiras erguidas
pra celebrar nosso rei,
que deu seu sangue por nós
e merece glória eterna.
Ao cismar sozinho relembro
que todo instante da vida
é sempre 20 de Novembro
com a dignidade iluminada
e o espírito pleno de Axé;
pois nossa pele tem mais sol,
nosso céu tem mais luar,
nosso povo tem mais força
quanto mais doar amor.
Não permita Deus que eu morra
sem que ainda faça um poema
digno da beleza negra
com maior engenho e arte,
que exalte Rainha Dandara,
Zumbi e Solano Trindade
com uma imensa Quizomba
para alegrar nossa raça
e cantar para Ilu-Ayê.
* ACF é poeta, contista, cronista,editor dos blogs
http://letrastaquarenses.blogspot.com.br &
http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br, entre outros.
+CABRAL
Cadeira 48 da academiamomentoliterocultural.blogspot.com.br e/ou
antologiamomentoliterocultural.blogspot.com.br/2010/01/antonio-cabral-filho-entrevista.html e/ou www.jornaldepoesia.jor.br/1acabral.html
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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.