Boêmios entornam a última talagada,
gemem acordeons na madrugada,
curiangos malham no ferro-frio
"manhã eu vou, eu vou"
anunciando quimeras,
garçons expulsam os últimos zucrins,
bebuns catam cavacos nas esquinas
e acordam viralatas de rua,
que aprontam o maior barraco
enquanto um despertador abusado
arrebenta a campainha
na casa do vizinho próximo:
- Trimmm! Trimmmm! Trimmmmm!
Chega o dia cheio de ordens
e fecha os bares,
põe os notívagos pra casa
nostálgicos do copo virado,
todos mijando uísque, cerveja,
cubalibre, samba-em-berlim
e pinga do barril,
aos pés dos oitiseiros,
comendo torresmo estrada afora
pra se livrarem do porre,
deixando o bairro todo grogue
enquanto uma mulher chora
sobre um corpo ao pé do poste,
alheia à indiferença alheia.
Logo-logo a cidade inteira
será ressaca
e ninguém saberá nada
do havido na noite passada.
Mas o inesperado acontece na Ypuca,
bem aos fundos do Jardim Catarina:
É que os vizinhos se juntam em mutirão
e fazem um barraco pra Tina,
que foi largada por Bilico
com quatro filhos pequenos.
VIDE MAIS CABRAL
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Sei que sou assim: Desde o princípio até ao fim, só restos de mim.