quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Cachaça da Vida * Antonio Cabral Filho /RJ

 *CACHAÇA DA VIDA*



- A vida é uma cachaça

consumida a copo cheio!

Canta o desiludido.


- É por isso que você bebê...

Observa o abstêmio.


- Não. Eu bebo pra esquecê-la.

Afirma o dependente...


- Quem... A vida ou a cachaça?

Interroga o ex...


- A cachaça, a vida, tudo...

Conclui o viciado.


- Então é por isso que você faz cara feia

quando vira o copo? 

Inquire o restaurador.


- Não. É pra não esquecer

a cachaça da minha vida...


E o silêncio cai...


Antônio Cabral Filho/RJ

domingo, 20 de dezembro de 2020

RECEITA GABRIEL * Antonio Cabral Filho / RJ

RECEITA GABRIEL



 Avô e netinho

fim de semana juntos

sairam por aí

ver as modas

e as novinhas.

Tomaram sorvete

e andaram até 

tropeçar nos calcanhares.

Chegaram em casa famintos...

- almoçar o quê?

- não sei.

- não conheço 

- temos que comer

- ah qualquer coisa

- isso enche barriga?

Rindo pelas tabelas

foram pra cozinha

fritar ovo pra por no pão.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

SONETO POR MARIELE * Antonio Cabral Filho / RJ

 *SONETO POR MARIELE*


MIL DIAS SEM MARIELE
MIL DIAS SEM MARIELE
MIL DIAS SEM MARIELE
MIL DIAS SEM MARIELE

DIA OITO DE DEZEMBRO
DIA OITO DE DEZEMBRO
DIA OITO DE DEZEMBRO
DIA OITO DE DEZEMBRO

MIL DIAS SEM JUSTIÇA
MIL DIAS SEM JUSTIÇA
MIL DIAS SEM JUSTIÇA

JUSTIÇA POR MARIELE
JUSTIÇA POR MARIELE
JUSTIÇA POR MARIELE

ANTONIO CABRAL FILHO/RJ

Sobre Poemas à Paz * Antonio Cabral Filho / RJ

 SOBRE POEMAS À PAZ


Hoje fui questionado 

"Por que escrevo assim",

"Assim, como...respondi".

"Tudo tem que ter politica..."


- Ah! Entendi...Foi o que disse.

Mas lhe perguntei se vivia em paz,

Se seus amigos, familiares,

seus entes queridos,

viviam em paz.

- Nao! Disse-me de sopetão, 

e citou a violência no trabalho,

na comunidade onde mora,

a covardia da policia,

o extermínio da juventude...

- Então...isso é política. 

Pior! Isso é violencia

e com a conivência do sistema.

Nao podemos nos omitir.

- E o quê fazer?  

Disse isso sem convicçao...

Mas lhe demonstrei

Que enquanto não houver paz

Para o nosso povo,

Paz para quem sua o pão de cada dia,

Paz para nossas crianças,

Paz para nossas mulheres 

Serem mulheres em paz,

Nao poderei compor poemas à paz,

Pois estarei sendo falso,

Falso comigo e com o mundo,

Que sabe mais do que eu

Que poemas à paz em tempo de guerra são falsos.

Assim, enquanto houver guerra contra nós 

Meus poemas serao "balas perdidas" 

com endereços certos...

Nascidos assim...

entre um e outro combate,

Prá recompor as energias.


Autor: Antonio Cabral Filho/RJ


* SOBRE LOS POEMAS DE PAZ *



Hoy me preguntaron

"¿Por qué escribo así?"

"Entonces, cómo ... respondí."

"Todo tiene que tener política ..."

- ¡Ah! Entendido ... Eso es lo que dijiste.

Pero le pregunté si vivía en paz

Si tus amigos, familiares,

tus seres queridos,

vivían en paz.

- ¡No! Él me dijo,

y citó la violencia en el trabajo,

en la comunidad donde vives,

la cobardía policial,

el exterminio de la juventud ...

Entonces ... esto es política.

¡Peor! Esto es violencia

y la colusión del sistema.

No podemos omitirnos a nosotros mismos.

  .

- ¿Y que hacer?

Lo dije sin convicción ...

Pero te mostré

Que mientras no haya paz

Por nuestra gente, 

Paz para los que dan su pan de cada día,

Paz para nuestros hijos

Paz para nuestras mujeres

Siendo mujeres en paz,

No podré componer poemas por la paz,

Porque estaré siendo falso

Falso conmigo y el mundo

Quien sabe mas que yo

Que los poemas por la paz en tiempos de guerra son falsos.

Entonces, mientras haya guerra contra nosotros

Mis poemas serán "balas perdidas"

con las direcciones correctas ...

Nacidos así ...

entre un combate y el otro,

Para reponer las energías.


Antonio Cabral Filho / RJ

Tradução livre: Carito Morales / Ven

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Lápide do Futuro * Antonio Cabral Filho/RJ

LÁPIDE DO FUTURO

solidão

solidão

onde estás

não responde

em que desertos

recantos refúgios

acalentas recalcados

infelizes ditadores

almas mortas

avatares de nada

teu nome

(...)

escritos

em lápides

no cemitério do caos

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Livros Generais * Antonio Cabral Filho / RJ

LIVROS GENERAIS

 
Antonio Cabral Filho/RJ
I

Meu verso é um drone da fúria

Filho do reino dos sonhos,

Rasgando o espaço sideral

Contra quaisquer injustiças,

Pra lançar o seu petardo

Lá onde houver opressor.

II

Desde a voz do criador

E as atenções da platéia,

Meu verso vai resoluto

Encher as almas de luz

Com que todas vão à luta

Tirar sonhos da utopia.

III

E uma vez incorporado

Ao exército dos versos,

Ocupa o posto avançado

Lá na página dos livros,

Dando um combate sem tréguas

Aonde houver opressão.

IV

Recebe as ordens mais nobres

Do mais nobre comandante,

O general chamado LIVRO,

Glória de Gutemberg,

desespero dos tiranos,

Mas livre até nas fogueiras.

V

Venceu a Inquisição

E toda e qualquer censura,

Circula de mão em mão

E até clandestinamente,

Cruza quaisquer continentes

Levando libertação.

VI

É o maior dos guerrilheiros,

Inconteste combatente,

Lidera tropas e homens,

O livro vai adiante,

Sustém bandeiras e guerras

Para extinguir a opressão.

VII

Minha letra junta verve

Com a verve de muitas letras,

E vão formando palavras,

Entrando em versos solertes

E das estrofes que surgem

Nascem livros generais.

VIII

E livros fazem Sandinos,

Ho Chi Minhs, Fidéis e Chês,

Farabundos, Martís, Bolívares,

Tupac Amaros, Marulandas,

Sepé Tiararus, Lamarcas, Marighellas,

Todos generais de homens livres.

(08/10/2020)

Antonio Cabral Filho/RJ

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Último dos últimos * Antonio Cabral Filho / RJ

Último dos últimos


Entre o Último Tango em Paris

E o último baião em Caruaru

E o último forró na Feira de São Cristóvão

E a última balalaica em Moscou

E o último rock no Central Park

E a última gafieira do Elite,

 

Eu fico com os gemidos de Luz Del Fuego

Ao som de Jê t’aime

Sem nostalgia nenhuma

Saboreando samba em Berlin.


Venham comigo

Aqueles que forem valentes

E sem moicanos pra conterem histórias.

Antonio Cabral Filho/RJ