quarta-feira, 8 de março de 2017

Meu Primeiro Amor * Antonio Cabral Filho - Rj

Meu Primeiro Amor
*
Meu primeiro amor...
ah meu primeiro amor!
Partiu no poeirão das boiadas
rumo às cidades grandes
e foi trancada num internato,
desses tantos que servem mão-de-obra
aos conventos franciscanos.

Quarenta anos depois, 
quase nos esbarramos,
graças à mana caçula,
mas a razão é mais forte,
embora siga vendo seus passeios,
seu caminhar de menina,
seus longos cabelos negros
realçando sua beleza cabocla
sobre essa pele mais roxa
que jabuticaba -
que incendeia todo meu ser.

Sei que entre nós há um tempo,
tempo cheio de afazeres,
de colheitas, cafezais em flor, 
Cascatinha e Inhana,
caminhões carregados de cereais,
carretas de leite rumo aos laticínios,
boiadas e mais boiadas
e tudo pode ser removido
num simples olhar...
assim, sem mais nem menos.

Mas o meu primeiro amor real
supera toda fantasia
e segue comigo rompendo rincões
com aquela disposição guerreira
que habita nossas almas
e nos mantém no front do combate.

Por isso, meu primeiro amor menino,
não posso ser tragado pela força dos sonhos
e prefiro crer que o meu primeiro amor eterno
vem de mãos dadas comigo
sobre o tapete vermelho
ou pelo chão espinhoso.
*

terça-feira, 7 de março de 2017

Sol Ao Quadrado * Antonio Cabral Filho - Rj

Sol Ao Quadrado
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O sol nasce para todos
e os poetas não se cansam 
de propalar a verdade,

mas eles se esquecem
de que há latifúndios,
latifúndios aos milhares,
e latifundiários estendendo léguas
por mais quilômetros de sol,

só para limpar de suas peles
o limo de crocodilo Tio Sam...

*